Morre Ex-Governador Adauto Bezerra
O ex-governador Adauto Bezerra faleceu na madrugada deste sábado 3 de abril, aos 94 anos. O militar, político e empresário estava internado há cerca de dez dias no hospital Monte Klinikum, onde se tratava de problemas decorrentes da Covid-19.
Ele foi internado há cerca de 10 dias com o diagnóstico de pneumonia mas, de acordo com seu amigo, o provedor-geral da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, Luiz Marques, acabou contraindo a Covid-19.
O velório do último dos coronéis cearenses, ocorrerá no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Os familiares não deram maiores detalhes sobre o enterro.
Foto: Natinho Rodrigues
Biografia
Nascimento e família
José Adauto Bezerra era filho de José Bezerra de Menezes e Maria Amélia Bezerra. Nasceu em 3 de junho de 1926, em Juazeiro do Norte (Região do Cariri) 20 minutos depois do irmão gêmeo Humberto.
Carreira militar
Adauto ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em fevereiro de 1943, sendo declarado aspirante a oficial da arma de artilharia em dezembro de 1949. Foi promovido a segundo-tenente no ano seguinte, a primeiro-tenente em junho de 1952 e a capitão em dezembro de 1954.
Durante sua carreira militar, fez ainda o curso da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO). Em novembro de 1964, meses após a vitória do movimento político-militar de 31 de março, que depôs o presidente João Goulart, foi promovido a major. Em 1968 passou para a reserva com a patente de coronel.
Política no DNA
A
política estava no sangue, o pai foi
vereador e presidente da Câmara de Juazeiro do Norte e, também fizeram carreira
política o irmão, Humberto Bezerra, deputado federal pelo Ceará de 1967 a 1971
e em 1975, e o irmão mais novo, Orlando, deputado federal de 1983 a 1995.
Início da carreira
política
Tela de J. Feitosa Costa
Adauto
estreou na política filiando-se à União
Democrática Nacional (UDN), e em outubro de 1958 foi eleito deputado para a
Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE). Tendo assumido o mandato em fevereiro
de 1959, em outubro de 1962 foi reeleito, na legenda da Aliança União pelo
Ceará, coligação que congregou a UDN e o Partido Social Democrático (PSD).
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional - ARENA, partido de apoio ao governo, onde construiu a maior parte de sua carreira política. Na legenda, voltou a se eleger deputado estadual em novembro de 1966.
Ao longo dessas três legislaturas, foi presidente da Assembleia Legislativa por duas vezes e chegou a assumir o governo duas vezes na condição de presidente da Assembleia Legislativa. Também foi membro da Comissão de Orçamento e Finanças e de diversas outras comissões da casa. Em 1970 reelegeu-se para mais um mandato de deputado estadual, concluído em janeiro de 1975.
Governador do Ceará
Em 1974 foi indicado governador do Ceará pelo presidente Ernesto Geisel renunciando ao cargo para disputar o pleito de 1978 no qual foi eleito deputado federal. Foi deputado federal de 1979-1982.
Para evitar cisões no esquema governista firmou em março de 1982 o Acordo dos Coronéis ou Acordo de Brasília com César Cals e Virgílio Távora para assegurar a eleição de Gonzaga Mota para governador sendo que o PDS venceu a contenda com Adauto Bezerra como vice-governador.Final de carreira
Em 1985 transferiu-se para o PFL
e foi candidato a governador do Ceará em 1986 sendo derrotado por Tasso
Jereissati (PMDB). Em maio de 1990, foi nomeado pelo ex-presidente
Fernando Collor, para o comando da Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste - SUDENE, sendo esse o último cargo
público que ocupou.
No início de 2007, quando o PFL decidiu renovar-se,
transformando-se em Democratas (DEM), permaneceu na agremiação. Deixou-a,
porém, em outubro do mesmo ano, filiando-se ao Partido Progressista (PP).
Família
Foi casado em primeiras
núpcias com Lídia Bezerra e atualmente com Silvana Neves. Quando falava de família,
comparava a criação de seus primeiros filhos a
do filho mais novo, Artur. “Os mais antigos, eu cometi um erro grande, porque
me dediquei demais à política e esqueci um pouco a criação deles. Com esse
agora, não. Ele é muito ligado a mim. É um atestado vivo que tenho para mostrar
que ainda estou firme.”
Filosofia de vida
Em relação a vida e ao tempo, costumava dizer “Olha,
a vida é muito curta. Os anos... eles se passaram sem eu sentir que passaram”. Tinha
por filosofia de vida, ajudar o próximo, e dizia: “A vida é curta, você tem que
pensar no melhor, fazer o bem”. Quando falava em fazer o bem, dizia “A única
coisa que eu e meu irmão temos um pouco de diferença é o temperamento. Ele me
chama de “irmã Paula”, porque todos que vem aqui eu procuro ajudar”.
O empresário
Longe da política e da carreira militar, Adauto foi um empresário de sucesso. Tornou-se proprietário de numerosas indústrias e de uma estação de rádio em Juazeiro do Norte. Também foi sócio proprietário do Banco Industrial e Comercial S.A. (Bicbanco), ao lado do irmão gêmeo Francisco Humberto Bezerra, que morreu em março de 2020 por complicações após uma cirurgia.
Repercussão nas redes sociais
Ex-prefeito de Juazeiro, Arnon Bezerra
Sobrinho de Adauto, lamentou a morte do tio. “O que nos conforta, neste momento, é que ele teve uma história política de sucesso.
Foi uma pessoa admirável e importante para a transformação do nosso Estado, ao lado de Virgílio Távora, César Cals, Gonzaga Mota e tantos outros que promoveram mudanças no Ceará”, disse Arnon.
Senador Cid Gomes
"Recebi com tristeza a notícia do falecimento do ex-governador do Ceará, Adauto Bezerra, mais uma vítima da Covid-19. Adauto dedicou-se à política cearense por muitos anos. Foi presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado federal e superintendente da SUDENE. Meus sentimentos aos amigos e familiares", publicou.
Deputado Heitor Férrer
“O Ceará perdeu um de seus grandes líderes políticos e ilustre filho. O Cel. Adauto teve uma vida pública pautada pela seriedade e, ao lado de seu irmão gêmeo Humberto Bezerra, fez marcante carreira política". "Formou a tríade dos coronéis-governadores, com Virgílio Távora e César Cals. Seu legado permanecerá vivo na história do Ceará. Nossos sentimentos e solidariedade a todos os familiares e amigos neste momento de tristeza e saudade" disse em publicação nas redes sociais.
Senador Tasso Jareissati
O senador Tasso Jereissati
(PSDB) destacou que o legado de Adauto Bezerra "Com certeza, será lembrado
na história política cearense".
Foto: Fabio Lima/O POVO
Deputado Evandro Leitão, Presidente da Assembleia Legislativa
"Recebi com pesar a notícia da morte do ex-governador e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Adauto Bezerra. Ele foi presidente da Casa por duas vezes, em 1967 e entre 1971 e 1972. Meus sentimentos a todos os familiares, amigos e admiradores de Adauto Bezerra", lamentou.
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ESPECIAL ADAUTO BEZERRA